sábado, 17 de abril de 2010

A noite de horror no pronto socorro

O médico pediu uma tomografia, uns exames e disse para eu deixá-lo a noite lá. Disse que eu fosse embora que ele ficaria num"box" com a cortina aberta de frente para o posto de enfermagem.Eu recusei. Discutimos e eu disse que não o deixaria sozinho naquela madrugada fria.Eu dormiria numa cadeira de fórmica ao pé da maca.
Havia outro paciente no mesmo "box", com problemas mentais que acreditava que o auxiliar de enfermagem o oolhava feio porque estava ali para acabar com ele.
Pedi um corbertor "sapeca negrinho" para o cobrir.Começava ali o seu "calvário".
A maca era muito estreita e não o acomodava ; sua mão limitada pelo cateter do soro não permitia que se movimentasse.Não tinha travesseiro.O frasco para colocar a urina que eu tirava do "papagaio" ,após coleta-la, era muito pequeno. O outro paciente se ofendeu porque não aceitei sua oferta de emprestar o dele para o João.
Cadê o médico? SUMIU.
Não parava de chegar acidentado, o pessoal do SAMU cada hora trazia outro paciente como se fosse segunda feira,horário de pico.
"Por favor, perguntem ao médico quando posso tirá-lo daqui, por favor. Isto é tortura.Ele tem diabetes insipidus, não para de urinar...por favor deixem que ele tome água...por favor!"eu chorava em vão.
Um velhinho de outro "box" se levantou e alguém da enfermagem gritou: "volta pra cama!"
ao que ele respondia _"quero mijaaar"!!. A enfermagem gritava mais alto : "Mija na cama, o senhor está de fralda". Ele continuava: "quero mijaaar!" e a funcionária respondia "vou te amarrar na cama!!!"

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